Há quase 40 anos que a capital venezuelana está sujeita a um fenómeno invulgar que os cientistas não conseguem explicar completamente.
De vez em quando, uma substância negra de origem desconhecida aparece nas ruas de Caracas, causando acidentes de carro e matando pessoas. É chamada de La Mancha Negra, que se traduz como “a mancha escura”.
Os jornalistas preferem um nome mais intrigante:
O misterioso lodo negro
A revista Popular Mechanics publicou um artigo no qual tentava encontrar a resposta para a questão do que é. As versões possíveis incluem um vazamento de petróleo, um “olá” de alienígenas e uma provocação política, ou talvez algo mais sinistro.
“Desde 1986, uma estranha lama negra tem aterrorizado as ruas da cidade, causando mortes e dando origem a mitos”,
começa o artigo de uma popular revista científica.
O primeiro local desse tipo foi descoberto em 1986, durante a reforma da rodovia que liga Caracas ao aeroporto local que leva o nome de Simón Bolívar. Os trabalhadores da estrada notaram isso. O local tinha cerca de 40 metros de comprimento e não causou muita preocupação a princípio. Mas então começou a crescer, aumentando de tamanho, e em 1992, quando o Chicago Tribune decidiu escrever sobre isso, ocupava um trecho de 13 quilômetros de estrada. A substância foi descrita como um líquido preto espesso com consistência de goma de mascar usada.
Foi relatado que desde o surgimento desta mancha, ocorreram muitos acidentes automobilísticos por sua culpa, nos quais morreram 1.800 pessoas. Os carros simplesmente perderam o controle quando se encontraram em um trecho da estrada coberto por essa substância desconhecida. A massa pegajosa tornou a estrada extremamente perigosa os veículos colidiram uns com os outros ou foram para o lado da estrada.
Cinco anos depois, o muco está de volta
Na década de 1990, a substância negra já havia chegado a muitas ruas de Caracas. O governo venezuelano decidiu destinar fundos para eliminar a substância misteriosa.
Mas foi impossível removê-lo:
O muco aparecia continuamente.
Lavaram com jatos de água, trataram com produtos de limpeza, retiraram a camada de asfalto encharcada e colocaram uma nova por cima – tudo em vão… A mancha apareceu novamente. Na tentativa de remover a lama, utilizou-se cal moída, na esperança de secar a superfície. Por algum tempo isso ajudou, porém, fez com que os habitantes da cidade começassem a sufocar com o pó de cal.
Em 1996, o mais recente equipamento alemão de controlo da poluição foi trazido para a Venezuela e a mancha negra parecia ter acabado. Mas em 2001, o misterioso lodo voltou. Em alguns lugares atingiu uma polegada de espessura nas estradas de Caracas. O mais estranho é que os especialistas envolvidos não conseguiram estabelecer com segurança a natureza desta substância. A análise química mostrou que continha óleo de motor, fluido de freio, poeira e alguns compostos orgânicos.
Mas de onde vem tudo isso?
Várias hipóteses foram apresentadas:
O esgoto das favelas localizadas nas encostas dos morros do entorno fica sob o asfalto; eles causam uma reação química que faz com que uma pasta apareça na superfície. O asfalto é de má qualidade, o que se manifesta na formação de uma substância semelhante ao petróleo. Há muitos carros antigos em Caracas e óleo e outros fluidos técnicos pingam constantemente na superfície da estrada; misturados com poeira, formaram uma massa escorregadia.
Também houve rumores de que La Mancha Negra era obra de alienígenas. Uma espécie de tentativa de transmitir algum tipo de mensagem à humanidade. Nenhuma dessas versões foi fundamentada de forma convincente. Dada a falta de informação, não devemos nos surpreender com o surgimento de teorias da conspiração.
“Existem muitos mitos em torno desta história. O tamanho, a escala, o tempo de vazamento desta mancha, seu reaparecimento – tudo isso se tornou um verdadeiro mistério”,
disse Ramanan Krishnamurthy, professor de engenharia química e de petróleo da Universidade de Houston.
Petróleo ou asfalto ruim?
Com o passar do tempo, os cientistas ficaram com apenas duas hipóteses…
Primeira:
Limo preto – consequências do asfalto de má qualidade (já foi mencionado).
Segunda:
São vestígios de petróleo vazando do subsolo.
Logicamente, valeria a pena pensar primeiro nisto, pois a Venezuela é um país produtor de petróleo. No entanto, os cientistas veem falhas nesta hipótese.
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“Normalmente, esse tipo de infiltração do subsolo ocorre em um ponto e é improvável que se espalhe por uma estrada de 13 quilômetros de extensão. Além disso, o petróleo pesado tende a assentar em vez de tentar subir à superfície. Então, muito provavelmente, o motivo é o asfalto ruim”,
diz Krishnamurti.
“Essa é a explicação mais simples: as fases do asfalto tratado se separaram e uma delas “flutuou” para a superfície, deixando uma mancha preta e levemente gordurosa nas estradas”,
sugere outro pesquisador, docente do Departamento de Engenharia de Petróleo na Universidade de Houston, Reynaldo Gonzalez.
Mas esta teoria também suscita críticas. Não importa quão ruim esteja o asfalto, os cientistas não conseguem explicar seu estranho “comportamento”. Além disso, em nenhum outro país mais pobre do mundo – digamos, em África e na Ásia nunca se notou algo semelhante.
Assim, o “misterioso lodo negro” de Caracas ainda aguarda sua investigação, mais séria e aprofundada.
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