O consumo de cocaína pelos londrinos está a aumentar e a afetar as enguias no rio Tamisa, segundo os cientistas.

enguias mantidas em águas sem substâncias

A droga pode degenerar os músculos desses peixes e acabar impedindo uma das migrações mais épicas do oceano Atlântico.

Uma pesquisa feita por uma equipa do King’s College, em Londres, concluiu que os londrinos estão a consumir cocaína regularmente, e não apenas em ocasiões esporádicas, e que isso está a afetar o rio Tamisa.

O estudo foi realizado a partir de uma estação de monitorização perto das Casas do Parlamento, para avaliar como o uso crescente de cocaína está a contaminar o rio Tamisa.

As estações de tratamento de água da cidade não conseguem filtrar a urina dos consumidores, que vai diretamente para os cursos de água.


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Quase tudo que o ser humano usa, de cotonetes a ácido sulfúrico, vai parar em um rio eventualmente. Drogas não são exceção.

No trecho do rio Tâmisa que corta Londres, a concentração de benzoilecgonina (um resquício metabólico que sai na urina de quem consome cocaína) é de 17 bilionésimos de grama por litro de água.

Uma análise feita no rio italiano Pó em 2005 revelou que ele dá vazão a 4 kg de cocaína diariamente, os peixes e outros seres vivos que vivem nos rios e canais da cidade estão a ingerir com pequenas quantidades de cocaína e, em particular, as enguias, estão ficando hiperativas.

O consumo de cocaína pelos londrinos está a aumentar e a afetar as enguias

O estudo foi divulgado juntamente com um relatório publicado pela Universidade de Nápoles Federico II. Neste caso, foram colocadas enguias em água com uma pequena dose de cocaína e verificou-se que o peixe

parecia hiperativo”

em comparação com enguias mantidas em águas sem substâncias.

Um artigo científico publicado na semana passada demonstrou que a cocaína, na concentração que é encontrada nos rios europeus, causa inchaço e disfunções nos músculos e torna esses animais hiperativos o que poderia impedi-los de completar as loucas migrações que eles fazem para se reproduzir.

Os investigadores de Nápoles descobriram que a droga acumulou-se no cérebro, músculos, pele e outros tecidos das enguias expostas à cocaína.

Verificaram-se evidências de ferimentos graves, incluindo colapso e inchaço, que ainda não tinham cicatrizado 10 dias depois de serem removidas da água contaminada.

Os investigadores do King’s College de Londres dizem que na origem do problema está a quantidade de consumidores de cocaína na capital britânica.

Londres é conhecida como uma das maiores consumidoras de cocaína e isso sugere o uso diário.

Acrescentam ainda que a concentração de cocaína encontrada no rio Tamisa é tão alta que

fica fora da faixa quantificável”.

Não foi apenas cocaína que fez com que as enguias ficassem hiperativas, os cientistas também encontraram vestígios de cafeína.

Os aumentos de cafeína e cocaína foram observados 24 horas após os eventos de transbordamento de esgoto.

A concentração de cocaína permaneceu alta nas águas residuais ao longo da semana, com apenas um pequeno aumento no fim de semana.

Enguia

Os pesquisadores afirmam que ainda são necessários mais estudos para descobrir o quanto a cocaína realmente afeta as enguias em rios reais, fora do ambiente experimental e por que a droga é tão nociva para o organismo desses animais em particular.

As perspectivas, porém, não são animadoras. Afinal, além de substâncias ilícitas, a água também tende a estar contaminada com pequenas concentrações de metais pesados, pesticidas e antibióticos.

Um coquetel de porcarias sutis que não dá espaço para otimismo.

Um estudo da agência de monitorização de drogas da União Europeia sugere que a Inglaterra e o País de Gales têm o maior número de jovens consumidores de cocaína na Europa.

Cerca de 600 mil jovens entre 16 a 34 anos consumiram cocaína no ultimo ano, cerca de 4% da faixa etária. Estima-se que cerca de 80 mil linhas de cocaína acabam no rio Tamisa todos os dias através do sistema de esgoto.

As enguias ainda passarão por um estágio chamado

enguia-amarela”

até estarem prontas para se reproduzir.

Neste ponto, se tornam enguias prateadas, adultas e com quase um metro de comprimento, e começam a acumular reservas de gordura para aguentar a longa viagem de volta para o Atlântico, onde deixarão os ovos.

É aí que os músculos se tornam tão importantes:

Elas precisam voltar para o mar de Sargaços em um pique só, sem parar sequer para comer. Chegando lá, morrem logo após a reprodução, fechando o ciclo.

 

Fonte: aqui