
Explorando o Mistério dos Pensamentos: Materialismo, Dualismo e a Era da Inteligência Artificial
Sam Baron afirmou:
“Você pode duvidar de quase tudo. Mas há uma coisa que você pode ter certeza: você está tendo pensamentos agora.”
Esta poderosa citação sintetiza a essência do pensamento cartesiano, formulado pelo filósofo René Descartes, no século XVII. Para Descartes, o fato de termos pensamentos era a única certeza inquestionável, mesmo em meio às dúvidas. Este conceito continua a desafiar filósofos e cientistas até os dias de hoje, especialmente com os avanços da inteligência artificial.
René Descartes revolucionou a filosofia ao afirmar que, mesmo que tudo possa ser posto em dúvida, o ato de pensar não pode ser negado. Essa ideia forma a base para muitos debates modernos sobre a natureza da consciência e da mente, temas que agora se expandem para além da filosofia e adentram áreas como a neurociência, a psicologia e a inteligência artificial.
O Mistério dos Pensamentos: Duas Perspectivas Filosóficas

A questão “o que são pensamentos?” tem instigado mentes brilhantes por séculos.
Atualmente, existem duas escolas principais que procuram responder a esse enigma:
1. Fisicalismo ou Materialismo
De acordo com essa visão, os pensamentos são fenômenos materiais, comparáveis a átomos, partículas, nuvens ou gotas de chuva. Eles fazem parte do universo físico e podem ser explicados pelos componentes e leis naturais. Uma hipótese plausível é que os pensamentos se manifestam como estados cerebrais, o que sustenta grande parte da neurociência e da psicologia contemporâneas.
- Evidências Neurocientíficas:
Estudos mostram que determinadas áreas do cérebro “se acendem” de forma previsível durante experiências como dor, memórias ou a imaginação criativa. Por exemplo, o hipocampo está associado ao pensamento imaginativo, enquanto a área de Broca tem forte relação com a linguagem.

2. Dualismo
A segunda visão propõe que os pensamentos não se restringem ao mundo físico. Segundo o dualismo, os pensamentos são de uma natureza distinta, existindo em um domínio não físico, o que implica que a realidade é dual: ela possui uma dimensão mental além da física.
- O Desafio do Dualismo:
Embora haja muitas correlações entre estados cerebrais e pensamentos, essas conexões não explicam completamente como a experiência consciente emerge. Assim como o riscar de um fósforo gera atrito e resulta numa reação química que explica seu acendimento, ainda não temos uma explicação comparável para a origem dos pensamentos a partir dos estados físicos do cérebro.
Por que Debater o Materialismo e o Dualismo?

A Perspectiva Materialista
Se os pensamentos são fenômenos físicos, a explicação mais direta é que eles correspondem a estados variáveis do cérebro. Essa ideia parece atrativa, pois se fundamenta em evidências neurocientíficas e na observação de correlações entre atividade cerebral e experiências mentais.
No entanto, a explicação materialista ainda enfrenta desafios, pois muitas correlações não se transformam em uma compreensão causal completa de como os pensamentos emergem dos processos físicos.
A Perspectiva Dualista
Por outro lado, o dualismo aponta que, apesar das correlações observadas, não conseguimos explicar como os estados físicos – mesmo altamente complexos – dão origem à experiência consciente.

O famoso experimento mental do filósofo australiano Frank Jackson ilustra bem esse dilema:
O Experimento Mental de Mary e as Cores
Imagine Mary, uma cientista que viveu toda a sua vida num ambiente em preto e branco, mas que possui um vasto conhecimento teórico sobre a cor, inclusive todos os detalhes físicos e neurológicos envolvidos na percepção cromática.

Quando Mary finalmente experimenta as cores pela primeira vez, surge a pergunta: ela aprendeu algo novo?
- Se a resposta for afirmativa, isso indicaria a existência de fatos não físicos que só podem ser compreendidos através da experiência, reforçando o dualismo.
- Caso contrário, se nenhum novo conhecimento for adquirido, isso sustentaria a perspectiva materialista.
Mentes e Máquinas: Implicações para a Inteligência Artificial
A discussão sobre a natureza dos pensamentos não se restringe ao âmbito filosófico. Ela também tem implicações profundas para o desenvolvimento da inteligência artificial.

- Se os Pensamentos São Físicos:
Não haveria, em princípio, nenhuma barreira para que máquinas desenvolvidas com os componentes físicos corretos e programadas de acordo com as leis da natureza consigam, eventualmente, “pensar”. - Se os Pensamentos São Não Físicos:
A questão torna-se mais complexa, pois seria necessário descobrir uma forma de conectar ou replicar esse aspecto não físico nos sistemas artificiais. Essa questão levanta desafios sobre a própria definição de pensamento e consciência, questionando se é possível, ou mesmo desejável, que máquinas compartilhem essas características.
Conclusão
A investigação sobre a natureza dos pensamentos, seja através do materialismo ou do dualismo, continua a ser um dos grandes mistérios da ciência e da filosofia. Enquanto o debate sobre a origem dos pensamentos persiste, as implicações desse conhecimento se estendem desde a compreensão da mente humana até o desenvolvimento da inteligência artificial.

Sam Baron, Professor Associado de Filosofia da Ciência na Universidade de Melbourne, reforça que, independentemente da explicação, o fato inegável é que estamos constantemente tendo pensamentos – e essa certeza continua a desafiar nossos conhecimentos sobre o mundo e nossa própria existência.
Referência: The Conversation
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