Geleira do Apocalipse na Antártida treme: 368 terremotos expõem um colapso acelerado
A geleira mais perigosa da Antártida está dando sinais ignorados de colapso
A geleira mais perigosa da Antártida está se fragmentando, e os cientistas acabam de descobrir que a humanidade ignorou sinais claros de alerta por mais de uma década.
Pesquisadores identificaram 368 terremotos glaciais até então desconhecidos que sacudiram a geleira Thwaites, entre 2010 e 2025, revelando um padrão alarmante de destruição acelerada que simplesmente não havia sido previsto pelos modelos tradicionais de monitoramento climático.
Esses dados, agora revelados, expõem um comportamento interno da geleira que permaneceu oculto mesmo para as mais avançadas redes globais de vigilância científica, como as utilizadas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e por programas internacionais ligados à NASA.

Esses não são terremotos comuns. Cada evento sísmico registrado marca o violento tombamento de enormes icebergs que se desprendem da borda da geleira e viram abruptamente no oceano. Esse processo gera forças colossais capazes de produzir ondas sísmicas mensuráveis, algo já observado em geleiras da Groenlândia, mas até agora subestimado na Antártida.
A descoberta representa uma mudança fundamental na compreensão científica sobre como o gelo antártico está colapsando no mar, indicando que o processo é mais violento, intermitente e imprevisível do que se imaginava.
Por que Thwaites é chamada de Geleira do Apocalipse
A geleira Thwaites, localizada na Antártica Ocidental, ganhou o apelido de Geleira do Apocalipse por um motivo assustador. Essa única massa de gelo contém água suficiente para elevar o nível global dos oceanos em cerca de 65 centímetros. Caso ocorra um colapso total, grandes cidades costeiras como Nova York, Xangai e diversas metrópoles costeiras estariam diante de inundações catastróficas.
Atualmente, Thwaites já é responsável por aproximadamente 4% de toda a elevação global do nível do mar, segundo dados associados ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e essa contribuição cresce a cada ano. A geleira despeja gelo no oceano mais rápido do que qualquer outra na Antártida, enquanto correntes de água quente corroem sua base por meio de vórtices subaquáticos, um fenômeno documentado em estudos recentes publicados em revistas como a Nature.
Agora, os cientistas identificam uma segunda crise simultânea: Thwaites não está apenas derretendo por baixo, ela está se desintegrando internamente.

O Dr. Thanh-Son Pham, da Universidade Nacional da Austrália, desenvolveu um sistema inovador capaz de detectar eventos sísmicos que escaparam completamente das redes convencionais. A inovação consistiu em focar em ondas sísmicas de curto período, que percorrem distâncias menores antes de se dissiparem.
Os sistemas tradicionais buscam ondas de longo período, capazes de atravessar o planeta inteiro, como ocorre em terremotos glaciais da Groenlândia. Na Antártida, no entanto, a maioria dos terremotos glaciais gera ondas entre 17 e 25 segundos, que se extinguem antes de alcançar sensores distantes.
Ao posicionar estações sísmicas em terra firme, a até 1.100 quilômetros da geleira, e ajustar os algoritmos para esse tipo específico de onda, os pesquisadores finalmente puderam observar o que estava acontecendo sob o gelo.
368 terremotos confirmados e um pico inquietante
O sistema automatizado identificou 2.461 eventos sísmicos potenciais. Após remover terremotos tectônicos submarinos e realizar análises manuais detalhadas, os cientistas confirmaram 368 terremotos glaciais genuínos, a maioria jamais registrada em catálogos oficiais.
Esses eventos variaram entre magnitudes 2 e 3, energia suficiente para transmitir vibrações detectáveis através da espessa camada de gelo antártico.
O verdadeiro sinal de alerta surgiu quando os pesquisadores analisaram o momento em que esses terremotos ocorreram. Entre 2018 e 2020, a atividade sísmica aumentou para níveis sem precedentes, um pico que não pode ser explicado por melhorias nos sistemas de monitoramento. Algo profundo havia mudado no comportamento da geleira.

Imagens de satélite, semelhantes às utilizadas pelo programa NASA Earth Observatory, revelaram a peça final do quebra-cabeça. Durante o mesmo período em que os terremotos dispararam, a língua de gelo central de Thwaites acelerou entre 20% e 40%, enquanto o corpo principal da geleira permaneceu relativamente estável.
Essa aceleração enfraqueceu o gelo marinho fixo que atuava como uma espécie de cola estrutural, permitindo que a geleira se fragmentasse em icebergs menores, mais instáveis e propensos a tombar.
Um ciclo de retroalimentação destrutivo
Cada iceberg que tomba empurra violentamente a geleira para trás, transferindo força para o leito rochoso e gerando ondas sísmicas. Cada evento registrado representa mais um passo rumo à perda de integridade estrutural da geleira.
Forças oceânicas externas, ainda não totalmente compreendidas, parecem ter iniciado essa cadeia de falhas. O resultado é um ciclo de retroalimentação: aceleração do gelo, fragmentação crescente, mais icebergs instáveis e, consequentemente, mais terremotos glaciais.
O estudo também detectou atividade sísmica significativa na geleira Pine Island, a segunda maior contribuinte para o aumento do nível do mar na Antártida. No entanto, esses terremotos ocorreram perto da linha de aterramento, longe da frente de desprendimento de icebergs, sugerindo a existência de outros mecanismos físicos ainda desconhecidos.

Pesquisas paralelas, utilizando métodos independentes de detecção sísmica de alta frequência, confirmaram a autenticidade desses sinais, aprofundando ainda mais o mistério.
A descoberta de 368 terremotos glaciais não catalogados vai muito além de um avanço técnico em sismologia. Cada tremor representa gelo sendo transferido do continente para o oceano. Cada iceberg que vira aproxima a humanidade de um cenário de colapso irreversível.
A rede sísmica utilizada cobriu apenas partes da Antártida Ocidental e por períodos limitados. Vastíssimas regiões permanecem sem monitoramento.
Se apenas uma geleira produziu centenas de terremotos detectáveis, quantos outros estão ocorrendo sem que ninguém perceba?
A Geleira do Apocalipse está tremendo — e os sinais estão ficando mais fortes
A geleira Thwaites enfrenta uma dupla ameaça:
Derretimento acelerado por água quente oceânica e falhas estruturais internas que fragmentam o gelo de dentro para fora. O registro sísmico revela que esse não é um processo lento e gradual, mas sim marcado por acelerações abruptas, impossíveis de prever com precisão.
Referência científica
Pham, T.-S. (2025). Detecção de terremotos glaciais não catalogados na geleira Thwaites.
https://doi.org/10.22541/essoar.175596888.87914182/v1
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