Um foguete de 3.000 anos da Suméria: a descoberta que desafia a arqueologia

Um foguete de 3.000 anos da Suméria: o enigma do “Istanbul Shem” que desafia a arqueologia

foguete sumério - Istanbul Shem

O Museu Arqueológico de Istambul guarda nos seus cofres um objeto que divide especialistas e alimenta teorias:

Uma peça que lembra um foguete em miniatura.

Entre explicações que vão da fraude à visita alienígena, o caso do Istanbul Shem expõe as fronteiras móveis entre ciência, mito e especulação.
Conhecido popularmente como Istanbul Shem (ou “módulo espacial de Toprakkale”), o artefato mede cerca de 23 cm de comprimento e aproximadamente 9–10 cm de altura. Visualmente, apresenta um corpo cônico e alongado, supostas “aletas” traseiras e, em sua cavidade, a figura esculpida de um humano em posição de comando — mãos apoiadas como se segurassem controles.

É essa combinação de forma e detalhe que alimenta a polêmica:

Símbolo votivo? brinquedo antigo? modelo demonstrativo? Ou, para os mais radicais, a representação de um veículo voador.

Onde e quando teria sido encontrado

Istanbul Shem :um artefato arqueológico da antiga Suméria que parece representar um foguete moderno.
Istanbul Shem: um artefato arqueológico da antiga Suméria que parece representar um foguete moderno.

A narrativa popular associa a descoberta a escavações na antiga cidade de Tuspa — hoje conhecida como Toprakkale — região próxima ao Lago Van, zona histórica do Reino de Urartu (séculos IX–VII a.C.). Essa associação baseou a alegação de antiguidade de ~3.000 anos. Contudo, a documentação arqueológica que sustentaria essa datação é lacunosa ou inexistente em publicações científicas revisadas por pares, o que abre espaço para interpretações conflitantes.

Entre os defensores dos chamados OOPARTs (objetos fora do lugar), o Istanbul Shem tornou-se um caso emblemático. Para alguns, trata-se de evidência material de tecnologias antigas ou de visitas não humanas; para outros, é um exemplo clássico de pareidolia — a tendência humana de enxergar padrões familiares (como um foguete moderno) em formas ambíguas. Há também a leitura mais conservadora: a peça seria um objeto simbólico, votivo ou didático cuja interpretação moderna é anacrônica.

Zecharia Sitchin: a divulgação que incendiou teorias

A difusão internacional do objeto foi em grande parte impulsionada pelo autor Zecharia Sitchin, conhecido por suas leituras heterodoxas de textos sumérios e pela hipótese dos Anunnaki. Sitchin descreveu o artefato como um modelo que teria, para olhos modernos, semelhança com um foguete, mencionando inclusive uma configuração de exaustores traseiros e um único piloto representado na peça. As interpretações de Sitchin são controversas e rejeitadas pela maior parte da comunidade acadêmica, mas seu trabalho foi decisivo para fixar a peça na cultura popular como “módulo espacial”.

Ônibus Espacial Toprakkale e sua Representação Gráfica.
Ônibus Espacial Toprakkale e sua Representação Gráfica.
Autoridades do próprio Museu Arqueológico de Istambul e órgãos ligados ao Ministério da Cultura da Turquia já apontaram que a peça não condiz com o estilo formal esperado para artefatos da época de Urartu. Relatos institucionais e reportagens indicaram que análises petrográficas e químicas identificaram composição compatível com materiais modernos, como gesso e pó de mármore — características que sugerem uma confecção recente, possivelmente uma falsificação.

Amplificação midiática e cadeia de custódia

O interesse pelo objeto explodiu nos anos 1990, quando publicações especializadas e revistas de mistério reeditaram fotografias e matérias apresentando o Shem como prova de tecnologia antiga. Títulos como a Fortean Times e a revista Atlantis Rising ajudaram a amplificar a narrativa.

Críticos, porém, lembram que a cadeia de custódia do objeto é frágil:

Sem documentação de campo e contexto estratigráfico, afirmações de antiguidade tornam-se especulativas.

Estamos olhando para um foguete retratado há 3.000 anos.
Estamos olhando para um foguete retratado há 3.000 anos.
Para uma conclusão robusta sobre a idade e a função do Shem, especialistas exigem evidência objetiva:

Datações independentes (por exemplo, por radiometria), documentação arqueológica estratigráfica, análises petrográficas publicadas em periódicos revisados por pares e a avaliação por pesquisadores especializados em Urartu e assiriologia.

Em ausência desses elementos, a hipótese mais cautelosa — e a mais aceita entre arqueólogos metodológicos — é de que não se pode afirmar nada com segurança.

Por que o caso fascina tanto?

O Istanbul Shem reúne ingredientes narrativos irresistíveis:

Uma forma que ativa a imaginação (semelhança com tecnologia moderna), lacunas documentais que permitem reconstruções radicais e o choque entre autoridade institucional (um museu) e teorias alternativas.

Esse cocktail mantém o objeto vivo no imaginário popular, alimentando documentários, fóruns e textos virais — ainda que a evidência científica permaneça insatisfatória.



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