Cientistas ficam intrigados com misteriosas marcas deixadas em ossos humanos por canibais

caverna, em Gough, na região de Somerset
caverna, em Gough, na região de Somerset
Um osso com uma série de marcas em ziguezague encontrado em uma caverna do Reino Unido, é a prova de que homens que viviam ali há 15 mil anos comiam carne humana e depois marcavam os ossos, provavelmente como parte de um ritual.
O estudo analisou o osso de um antebraço, que tinha sinais de que fora desarticulado, cortado em filetes e mastigado mas os ziguezagues não se parecem com os danos que se esperaria dessas ações.

Segundo os cientistas, que já sabiam de práticas canibais na caverna, em Gough, na região de Somerset, a novidade foi a descoberta das marcas em ziguezague feitas supostamente após o consumo da carne.

Os cientistas supõem que as marcas tenham algum significado simbólico. Além disso, os ziguezagues se assemelham a desenhos gravados em outros objetos do mesmo período.

No estudo, publicado na revista científica Plos One, os pesquisadores afirmam que os cortes atípicos no osso do antebraço – no caso, um rádio – foram intencionais.

Não são simplesmente marcas de carnificina, muito menos marcas de dentes.

“As marcas cravadas no osso da caverna de Gough são semelhantes a gravuras observadas em outros locais de cultura Magdalenian (do período Paleolítico) da Europa”,

diz Silvia Bello, do Museu de História Natural de Londres.

“O que é inusitado neste caso é a escolha da matéria-prima (osso humano) e o contexto canibal em que foi produzido”.

“A sequência de alterações realizadas neste osso sugere que se trata de um componente premeditado da prática canibal, rica em conotações simbólicas”,

Silvia Bello, acrescenta.

“Embora em análises anteriores a gente pudesse sugerir que o canibalismo na caverna de Gough tinha sido praticado como um ritual simbólico, este estudo fornece uma evidência ainda mais forte”.



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A caverna de Gough fica na Garganta de Cheddar, um cânion profundo de pedra calcária na margem sul das colinas de Mendip.

As investigações na região começaram há mais de 100 anos. O local ficou famoso após a descoberta, em 1903, do “Homem Cheddar”, o esqueleto completo de um indivíduo do sexo masculino que data de cerca de 10 mil anos atrás.

Em 2011, Bello e sua equipe apresentaram três casos de crânios que poderiam ter sido usados como copos. Os crânios foram adaptados de forma tão meticulosa que seu uso como recipientes para líquido parecia a única explicação razoável.

Essa interpretação ganha força após a divulgação deste último estudo.
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